Desafios na Amamentação

Acabou de ter o seu bebé e está empenhada em o amamentar, a amamentação pode ser natural, mas muitas vezes pode ser um grande desafio – Mamilos doloridos, ingurgitamento mamário, mastites, baixa produção de leite, demasiado leite, são alguns dos desafios que as mamãs têm de ultrapassar. A boa notícia é que nós, vamos estar sempre por perto.

Veja neste artigo os obstáculos mais comuns da amamentação e como poderá lidar com eles.

Ingurgitamento mamário:

As suas mamas cresceram e cresceram durante a gravidez, e quando a mamã achava que não podiam crescer mais o leite começa a ser produzido e há mais fluxo de sangue e mais fluido linfático no seu tecido mamário. Cerca de 3 dias após o seu bebé nascer, as suas mamas ficaram duras e até o simples facto de usar sutiã a pode deixar desconfortável. Esta mudança é também conhecida pela “descida do leite”. A boa notícia é que o ingurgitamento mamário dura apenas entre 24 a 48 horas, pois a mamã começa a amamentar.

O ingurgitamento mamário pode ocorrer numa mama ou nas duas. As mamãs sentem a mama inchada, quente e um ligeiro “formigueiro”. Algumas vezes pode levar a um aumento da temperatura corporal (37,5 a 38,3ºC). Estes fatores podem levar o seu bebé a ter dificuldades em fazer a pega e em esvaziar a mama.

Dicas:

Amamentar o bebé sempre que ele quiser (livre demanda);
Se a mama estiver muito tensa extrair um pouco de leite (com a mão ou bomba extratora) antes da mamada, para que ela fique mais macia e o seu bebé consiga fazer uma pega correta;
Amamentar em diferentes posições, para permitir o esvaziamento completo da mama;
Massajar as mamas suavemente, enquanto amamenta o seu bebé;
Usar analgésicos e/ou anti-inflamatórios quando necessário;
Usar compressas mornas, antes de amamentar, para ajudar na saída do leite;
Usar compressas frias, após a mamada, para diminuir o edema (inchaço) e a dor;
Se o seu bebé não conseguir ou não poder mamar, substitua as sessões de amamentação por sessões de extração de leite.

Mastites:

A mastite é um processo inflamatório da mama que pode ou não levar a uma infeção por bactérias. Acontece com mais frequência entre a segunda e a terceira semana após o parto. Alguns estudos referem que mamãs que já sofreram de mastites no decorrer da amamentação atual ou anterior, são mais suscetíveis de voltar a desenvolver.

As mamãs normalmente sentem a mama quente, com uma zona avermelhada, mais edemaciada (inchada) sensibilidade, temperaturas corporais superiores a 38,5ºC e calafrios.

Por norma a mastite surge apenas duma mama mas poderá também aparecer nas duas.

As mastites podem resultar de um canal de leite bloqueado; de bactérias que entram nas mamas através dos mamilos feridos; de o bebé fazer uma má pega; mamas demasiado cheias; de o bebé estar muito tempo sem mamar; da utilização de roupa ou um sutiã demasiado apertado; da produção de muito leite.

Além de procurar aconselhamento médico, pois poderá necessitar de fazer antibiótico, deixamos aqui algumas dicas que a poderão ajudar:

Descansar, alimentar-se bem e manter-se hidratada;
Tomar analgésico e/ou anti-inflamatório, para ajudar no alívio da dor;
Aplicar compressas quentes, antes da mamada, para ajudar na saída do leite e no alívio da dor;
Aumentar o número de vezes que o bebé mama, 8 a 12 vezes nas 24h;
Alternar os diferentes posicionamentos, e forma a que a mama esvazie em todos os seus segmentos;
Assegurar que o bebé está a realizar uma boa pega;
Oferecer ao bebé em primeiro lugar a mama afetada, para drenar adequadamente;
Deixar o bebé esvaziar completamente uma mama antes de oferecer a outra, alternando as mamas em cada mamada;
Esvaziar a mama completamente após a mamada, ou seja, se o bebé não esvaziou a mama poderá fazê-lo com a bomba extratora;
Evitar roupas apertadas.

Baixa produção de leite:

Uma das razões principais pela qual as mamãs param de amamentar é por acharem que o seu bebé não está a receber leite suficiente. O bebé por volta da terceira e da quarta semana passa por um pico de crescimento e muitas vezes quer mamar mais vezes, ou porque precisa efetivamente ou por uma questão de conforto, o que leva as mamãs a pensar que não estão a produzir leite suficiente para o seu bebé.

Se o seu bebé continua a aumentar de peso e continua a fazer “xixi” e “cocó ” regularmente, não precisa de se preocupar.

Dicas:

Amamente o bebé sempre que ele quiser (livre demanda);
Dê tempo para o seu bebé esvaziar as mamas completamente;
Confirme com o pediatra se existe necessidade de complementar a amamentação (muitas vezes as mamãs têm leite suficiente e ao suplementarem estão a fazer com que o bebé se sinta mais saciado e perca o interesse na mama);
Para além de amamentar o seu bebé, extraia leite com regularidade;
Ingira líquidos em quantidade suficiente (1,5l a 2l diário);
Descanse;
Em alguns casos, mais específicos, o pediatra poderá recomendar o uso de algum medicamento, que aumenta os níveis de prolactina (hormona que estimula a produção de leite).

Produção excessiva de leite (hiperaleitamento):

Acredite ou não, há mamãs que produzem leite em excesso, especialmente as mamãs “de primeira viagem”. É bom? Sim, mas também pode trazer alguns desafios à amamentação. Muitas vezes o fluxo de leite é tão grande que o bebé acaba por se engasgar, tossir e algumas vezes torna mais difícil a amamentação. Por outro lado, também pode acontecer o bebé ficar mais agitado e solicitar mais vezes a mama. Isto acontece porque, como sabemos o leite não é igual ao longo de toda a mamada, e a gordura que o leite tem e permite ao bebé engordar e ficar mais saciado está precisamente no final da mamada.

Dicas:

Coloque o bebé numa posição confortável;
Permita ao seu bebé fazer as pausas que necessitar e arrotar ao longo da mamada;
No início da mamada poderá retirar um pouco de leite, para facilitar a pega do bebé e o controlo de fluxo. Atenção não tire em demasia, extraia apenas para diminuir o desconforto, se não vai aumentar a produção de leite;
Utilize uma fralda de pano, para limpar o leite em excesso;
Coloque uma concha coletora de leite na mama contrária à que o seu bebé está a mamar, para recolher alguma perda de leite;
Fale com o seu médico assistente, poderá querer avaliá-la e ao seu bebé;
Se for sua intenção, poderá falar com o seu médico no sentido de doar o seu leite a um banco de leite de forma a proporcionar benefícios para o crescimento e desenvolvimento dos bebés prematuros que não tem possibilidade de ter leite materno suficiente para atender às suas necessidades.

Trauma mamilar:

No início da amamentação, muitas mamãs sentem uma discreta dor ou desconforto, o que pode ser considerado normal. Contudo, mamilos muito dolorosos e feridos, apesar de comum, não são normais.

Os traumas mamilares mais comuns são as fissuras, bolhas, “manchas” brancas, amarelas ou escuras e edema.

Muitas das vezes, as causas mais comuns são um posicionamento incorreto e/ou má pega do bebé. No entanto, outras causas podem ser, mamilos planos ou invertidos, freio da língua excessivamente curto, uso incorreto de bombas extratoras de leite, a não interrupção da sucção do bebé antes de retirá-lo da mama, entre outros.

Dicas:

Peça ajuda ao seu conselheiro de amamentação, para verificar se o seu bebé está bem posicionado e a fazer uma pega correta( estamos disponíveis para a ajudar, entre em contacto connosco);
Experimente diferentes tipos de posicionamento, de forma a não exercer demasiada pressão na zona dorida;
Iniciar a mamada pela mama menos afetada;
Se for necessário interromper a mamada, introduza o seu dedo indicador no canto da boca do seu bebé, de forma a que ele interrompa a sucção antes de o retirar da mama;
Tomar analgésico e/ou anti-inflamatório para aliviar a dor no momento da amamentação;
Manter os mamilos secos, expondo-os ao ar e trocar com frequência os protetores de mamilos;
Use creme lanolina pura para aliviar a dor;
Use protetores de mama, de forma a impedir que a roupa a magoe ao tocar na mama;
Poderá utilizar placas de hidrogel frias (coloca no frigorífico) para alívio da dor;
NÃO rebente a bolha, pois pode provocar uma infeção, à partida desaparecerá sozinha;
Verifique se está a utilizar a bomba corretamente e com o funil certo;
Se passado 2/3 dias não verificar melhorias, contacte o seu médico assistente.