Porque é que a amamentação torna a cama compartilhada mais segura?

O processo de amamentação, que se inicia ainda antes do parto, tem como momento de grande desafio os 2 – 3 primeiros meses de vida do bebé, no período noturno. Nesta altura a amamentação, no período noturno, é mais frequente e absolutamente fundamental para garantir um processo de amamentação vivido em pleno.

A cama compartilhada entre a mãe e o bebé é uma mais valia no início e estabelecimento da amamentação. Existem vários estudos nesta área que comprovam que o facto da mãe e de o bebé dormirem, juntos promove um estabelecimento do vínculo parental mais profundo, promove uma amamentação mais bem sucedida, maior facilidade na amamentação pela proximidade do bebé e também período de sono globalmente mais prolongado, uma vez que apesar de vários despertares, tendem a ser mais rápidos do que os das mães que não compartilhem a cama com o bebé.

Os estudos indicam que a cama compartilhada faz com que a mãe tenha inputs mais positivos relativamente à amamentação, facilita a pega do bebé na mama e a quantidade de leite produzida pela mãe. 

Nas mães que partilham a cama com o seu bebé e amamentam apresentam níveis de ocitocina no sangue, hormona do amor responsável pela drenagem do leite da mama, esta hormona em circulação irá reduzir a tensão arterial da mãe induzindo um sono mais calmo e tranquilo para a mãe e para o bebé.

A partilha de cama entre a mãe e o bebé deve ser realizada de forma segura, nomeadamente estando a mãe deitada na lateral com o corpo na posição em C envolvendo o bebé e garantindo com almofadas a protecção do outro lado do bebé.

Esta partilha de cama não é isenta de riscos e é importante que os profissionais de saúde alertem os pais para os riscos existentes e como minimiza-los.

Existem alguns riscos, como o risco de morte súbita (diferente de risco de asfixia) que vários estudos indicam que fica diminuído no caso de cama partilhada com aleitamento materno exclusivo:

  • Partilha de cama faz com que a mãe esteja mais atenta ao padrão de sono do bebé e possa identificar alguma alteração como uma apneia, pausa na respiração;
  • O leite materno fornece ao bebé um conjunto de anticorpos e de componentes sanguíneos, como os glóbulos brancos, que previnem infeções;
    • Em alguns casos estudados, subjacente ao síndrome de morte súbita, verificava-se uma infeção , que apesar de ligeira e não totalmente responsável pela morte, possa ser um fator facilitador;

Existem alguns estudo igualmente que comparam os bebés alimentados por biberão com leite artificial, face aos bebés que são amamentados relativamente à segurança da partilha de cama com os pais;

  • A administração de leite por tetina é por si só um risco acrescido de engasgamento e consequentemente asfixia;
  • Estando o bebé junto à mama, zona de conforto e fonte de alimento, tenderá a manter-se junto ao corpo da mãe;
  • No caso de um bebé alimentado no biberão e que por isso fique deitado junto da mãe mas sem ser junto da mama, corre maior risco de rolar e a própria mãe corre o risco de não adotar instintivamente a posição de “C” indicada;

Neste artigo apenas nos debruçamos sobre o porquê do leite materno ser um fator “protetor” quando falamos em partilha de cama entre mãe e bebé.

Muito mais há para se falar acerca dos riscos e vantagens no facto da mãe e do bebé partilharem a mesma cama durante o sono.

Tome decisões informadas e conscientes. 

 

Referências Bibliográficas:

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Author:
Enfermeira Especialista em Saúde Infantil e Pediatria