Sépsis Neonatal

Tem o seu bebé internado numa unidade de cuidados intensivos neonatais, ou conhece algum bebé que está e agora ouviu falar em sépsis neonatal? Acreditamos que muitas dúvidas e receios estão a surgir.

Esperamos com este artigo ajudá-los compreender um pouco melhor. 

Mas afinal o que é a sépsis neonatal?

É uma síndrome clínica com alterações hemodinâmicas (ex.: alteração na tensão arterial, na frequência cardíaca, saturação de oxigénio, etc.) e outras manifestações clínicas decorrentes da presença de um microrganismo causador de doença (ex.: bactérias, vírus ou fungos) em fluidos que normalmente são estéreis (ex.: sangue no liquido cefalorraquidiano) durante o primeiro mês de vida do bebé.

A sepsis neonatal poderá ter diversos níveis de gravidade e consequências diferentes para o bebé, em muitos casos com o tratamento adequado há uma cura da sepsis e erradicação do agente causador da mesma, em casos mais graves poderemos assistir a sequelas neurológicas e cognitivas ou até mesmo a morte.

 

Como é classificada a Sépsis Neonatal?

Esta é classificada de acordo com o seu momento de aparecimento. Podendo ser precoce ou tardia.

A sépsis neonatal precoce é quando o quadro clínico aparece nas primeiras 72h de vida do bebé. Esta é adquirida no período do parto, ou seja, antes, durante e imediatamente após o parto, normalmente os microrganismos causadores de doença tem origem materna.

A sépsis neonatal tardia ocorre após as 72h do bebé, e ocorre mais frequentemente em bebés que permanecem hospitalizados por longos períodos de tempo, como por exemplo os bebés prematuros. Esta sépsis muitas vezes tem origem nosocomial, ou seja, tem origem em microrganismos adquiridos no ambiente hospitalar. Podendo, no entanto, também se manifestar em bebés fora do ambiente hospitalar. 

 

Quais os fatores de risco para desenvolver uma sépsis neonatal precoce?

Os principais fatores de risco para sépsis neonatal precoce são:

  • Prematuridade (bebés prematuros e com baixo peso ao nascer tem 3 a 10 vezes mais risco de desenvolver sépsis neonatal, que os bebés de termo);
  • Corioamnionite (inflamação das membranas fetais e do líquido amniótico);
  • Colonização materna (mamã estar infetada com um microrganismo);
  • Rotura prolongada/pré-termo e/ou prematura da bolsa amniótica;
  • Índice de APGAR baixo;
  • Manobras de reanimação;
  • Gravidezes múltiplas.

 

E quais os fatores de risco para desenvolver uma sépsis neonatal tardia?

  • Procedimentos invasivos (colheitas de sangue frequentes, entubação, ventilação mecânica, sondas gástricas, alimentação parentérica (na veia) por longo prazo);
  • Intervenções cirúrgicas;
  • Quebra de barreiras naturais: lesões na pele e nas mucosas propiciam a invasão de bactérias;
  • Internamentos prolongados;
  • Uso prolongado de antibióticos.

Relativamente ao tratamento este irá depender de diferentes fatores, como o tipo de microrganismo, os sinais e sintomas do bebé e os resultados laboratoriais.

Como pode ajudar o seu bebé?

  • Cumprindo as indicações dos profissionais de saúde que acompanham o seu bebé;
  • Lavando frequentemente e desinfetando as mãos sempre que tocar no seu bebé ou no meio que o envolve;
  • Se estiver doente, opte por ficar em casa. Poderá sempre ligar para a unidade para saber do seu bebé;
  • Continuar a retirar leite, se assim o entender. O leite materno, como já vimos tem inúmeros benefícios para o seu bebé.

 

Esperamos ter ajudado. No caso de alguma dúvida estamos disponíveis para vos ajudar.

 

Referências utilizadas para a realização deste artigo:

  1. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572020000700080&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt (acedido a 03/12/2020)
  2. https://www.sprs.com.br/sprs2013/bancoimg/131210152124bcped_12_01_06.pdf (acedido a 03/12/2020)
  3. http://books.scielo.org/id/wcgvd/pdf/moreira-9788575412374-12.pdf (acedido a 03/12/2020)
  4. https://www.spneonatologia.pt/wp-content/uploads/2016/11/2014-Risco_infeccioso.pdf (acedido a 04/12/2020)
  5. https://www.omicsonline.org/scholarly/neonatal-sepsis-journals-articles-ppts-list.php (acedido a 04/12/2020)
  6. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7326682/ (acedido a 05/12/2020)
Author:
Enfermeira Especialista em Saúde Infantil e Pediatria.