Febre no bebé/criança o que fazer?

Depois de no artigo anterior termos falado sobre o que era a febre e como avaliar a temperatura corretamente, chegou a altura de falarmos acerca das medidas a tomar.

Em primeiro lugar, e como já referimos anteriormente, a febre é um sintoma e não uma doença. É um sintoma que provoca desconforto à criança, logo os papás vão adotar estratégias para promover o conforto da criança, ou seja, os papás vão tratar da criança e não da febre.

Em segundo lugar, é importante ter em consideração que cada bebé/criança é um ser único, ou seja vai reagir à aumento de temperatura de forma diferente, se há bebés/crianças que ficam automaticamente mais “molinhos”, há outros que continuam a brincar como se nada fosse.

 

Então, o que fazer em caso de febre?

Assim que os papás percebem que o bebé/criança tem febre deverão avaliar a necessidade de dar terapêutica à criança ou não. É uma criança que está desconfortável? Irritada? Mais “paradinha” que o costume? Então, claro que sim! É uma criança que mantém o seu comportamento habitual, pula, brinca, então nesses casos poderemos ponderar a administração de terapêutica ou não. Atualmente ainda existe alguma controvérsia neste assunto. Se por um lado, alguns autores referem que se a criança está bem não deve ser dada terapêutica e devemos deixar seguir o curso natural da febre, outros autores defendem o uso como forma de prevenir os possíveis efeitos secundários da febre. Por isso, em caso de dúvida fale com o pediatra que acompanha o seu bebé/criança.

Ao decidirmos dar medicação à criança, é importante que os papás tenham alguns aspetos em consideração nomeadamente:

  • A dose do fármaco é calculada em função do peso da criança e não da idade, este aspeto é muito importante pois o bebé “X” com 3 meses pode ter “X” peso e outro bebé igualmente com 3 meses pode ter um peso completamente diferente, logo é obvio que a quantidade de fármaco também será diferente.
  • E os papás dizem “ah mas eu não peso o meu bebé todos os dias, posso não saber o peso atual” é verdade, por isso se os papás tiverem uma balança em casa poderão pesar-se a si próprios, depois pesam-se com o bebé e fazem o diferencial, assim já conseguem ter uma ideia;
  • Qualquer uma das medicações, seja o paracetamol ou o ibuprofeno, demoram cerca de 30 a 60min a fazer efeito, logo não vale a pena avaliarem a temperatura antes desse tempo, pois provavelmente até vai estar mais alta;
  • Estes fármacos só tem a capacidade de baixar, a cada hora, cerca de 0,5°C a 1°C, logo se o vosso bebé tinha 39°C, não esperem que passado uma hora esteja apirético (sem febre);
  • Consideramos que a medicação foi eficaz, quando tem a capacidade de baixar, pelo menos, 1,5°C face a temperatura inicial;
  • Devem cumprir os intervalos mínimos de administração, no caso do paracetamol 6/6h e o ibuprofeno 8/8h;
  • Existem diferentes apresentações destes fármacos (xarope, supositório, etc.). Pode ser interessante, ter a medicação nas duas apresentações xarope e supositórios, pois se a criança estiver a vomitar e não tolerar o xarope, tem sempre uma alternativa;
  • NÃO se cortam supositórios ao meio, pois a quantidade de fármaco não é homogênea em todo o supositório, logo corremos o risco de estar a fazer uma dose insuficiente ou superior;
  • Independentemente do bebé/criança ir ao hospital, os papás devem SEMPRE fazer a medicação. Não se preocupem que a medicação não mascara doença nenhuma, aliás numa criança medicada, muitas vezes é muito mais fácil de fazer um diagnóstico.

Outro aspeto bastante importante é hidratar a criança, ou seja, oferecer líquidos, seja maminha ou água, gelatina, fruta no caso de crianças que já tenham iniciado a alimentação complementar. 

“Ah mas a minha mãe dava-me um banho de água fria e punha uns paninhos na testa e retirava-me a roupa para baixar a temperatura” 

É verdade, antigamente era prática comum. Atualmente está desaconselhado pela Direção Geral de Saúde a implementação destas estratégias durante a subida da temperatura, pois para além de provocarem desconforto ao bebé/criança, “transmitem uma mensagem errada” ao cérebro da criança. Pois se o bebé/criança está desconfortável com frio o que o “cérebro pensa” é que tem de aquecer mais.

Logo, em primeira instância, os papás devem dar a medicação ao bebé/criança, e só quando a temperatura começar a baixar é que podem implementar estas estratégias.

Atenção papás, os banhos com água tépida não são com água fria. Quando falamos em água tépida é água 1 grau abaixo da temperatura da criança, ou seja ,se o bebé está com 38°C a água deve estar a 37°C e assim sucessivamente.

Por último, e talvez uma das medidas mais importantes é dar colo, dar miminho, porque como dissemos anteriormente não estamos a tratar a febre, estamos sim a tratar do nosso bebé/criança. 

Esperamos que este artigo tenha sido útil, não percam o próximo onde iremos falar dos sinais de alerta e de quando devem procurar ajuda médica.

 

Referências bibliográficas:

Author:
Enfermeira Especialista em Saúde Infantil e Pediatria.