Rastreio Auditivo Neonatal

A capacidade de ouvir de uma criança influencia, e muito, o seu desenvolvimento cognitivo, emocional, assim como a linguagem.

Provavelmente quando o seu bebé nasceu foi realizado logo na maternidade o rastreio auditivo neonatal. Mas afinal o que é este rastreio auditivo e para que serve? Quando se deve fazer o teste? Existem crianças de risco? Como é realizado o rastreio auditivo? Pretendemos com este artigo, responder a todas as suas perguntas.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Pediatria, em cada 1000 recém-nascidos saudáveis, 1 a 3 sofre de perda auditiva neonatal.

Assim, quanto mais cedo este rastreio for realizado mais cedo os papás conseguem intervir de forma a conseguir diminuir ou eliminar consequências futuras destes problemas.

Quando é que este rastreio auditivo deve ser realizado?

Todas as crianças devem ser testadas ao nascer ou, no máximo até aos trinta dias de vida. Assim no caso de se detetar alguma alteração deve-se de imediato começar a intervenção precoce indicada pelo pediatra assistente do seu bebé.

Mas atenção papás, a perda auditiva pode ocorrer depois do nascimento, assim é essencial a vigilância ao longo dos primeiros anos de vida da criança.

 

Existem crianças com mais probabilidade de sofrerem de perda auditiva?

Sim existem algumas condições que nos levam a considerar uma criança de risco. São elas:

  • Crianças cujos papás também sofrem de distúrbios auditivos;
  • Crianças com infeções congénitas (ex.: citomegalovírus, rubéola, toxoplasmose, etc.);
  • Crianças com alguma anomalia do crânio ou da face;
  • Crianças com peso de nascimento inferior a 1500gr;
  • Crianças com diagnóstico de icterícia neonatal;
  • Crianças com meningite bacteriana;
  • Crianças que sofreram de asfixia no nascimento;
  • Recém-nascidos ventilados durante 5 ou mais dias;
  • Recém-nascidos que tenham feito medicação ototóxica (tóxica para o ouvido) por mais de 5 dias;
  • Crianças que tenham nascido com índice de Apgar de 0-4 no 1º minuto ou 0-6 no 5º minuto.

 

Como é realizado o rastreio? Vai doer ao meu bebé?

Não papás. Na verdade, o rastreio é um processo muito simples.

Existem dois tipos de exames.

  • Otoemisão acústica onde são colocadas uma espécie de borrachinhas no ouvido do bebé e são imitidos sons através dessas borrachinhas para o ouvido interno. Depois a sonda inserida nessa borrachinha regista as respostas dadas pelo ouvido do bebé a esses sons. Essa resposta é analisada e depois só existem duas respostas. “Passa” quando o ouvido está a funcionar corretamente ou “Refere” quando não acontece.
    No caso de o resultado ser “Refere” o exame deve ser realizado novamente nos 15 dias seguintes, isto porque às vezes basta o bebé estar mais agitado ou ter líquido no ouvido interno para não passar no teste. No caso de o resultado voltar a ser este, o bebé é encaminhado para uma consulta de otorrinolaringologia para realizar mais exames.

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  • Potenciais evocados auditivos em que é analisada a resposta que o cérebro do bebé dá ao som. Neste caso, são colocados uma espécie de auriculares ao bebé e são emitidos uns tons e uns cliques para o ouvido interno. Os 3 elétrodos colocados na cabecinha do bebé analisam a resposta do cérebro.

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Ambos os testes podem ser utilizados, sendo o primeiro o mais utilizado.

Esperamos ter esclarecido as vossas dúvidas!

 

Referências utilizadas na realização deste artigo:

 

Author:
Enfermeira Especialista em Saúde Infantil e Pediatria.